30/06/2016

Capítulo 21.

Justin Bieber POV.
11h00min AM.
Empurro o carrinho levemente, observando as prateleiras cheias ao lado. Meus passos regridem, eu leio os preços de uma maneira baixa, mas possibilitando de qualquer um ao meu redor ouvir.
— Posso pegar chocolate, papai? — olho para baixo e vejo Sky encarando meus olhos, agora, presos sobre os dela, tão mais claros e brilhosos.
— Apenas dois. — ela confirma num movimento fraco de cabeça, correndo em direção contrária. Eu rio quando, enquanto permaneço a olhando, noto seus grandes cabelos dourados voarem sobre o perímetro ao qual seu corpo se encontra.
Volto a empurrar o carrinho com poucas coisas dentro, enquanto levo meu olhar à prateleira coberta por lámens; recolho quatro, jogando-os junto com o resto dos alimentos que peguei. Me encontro cansado e com fracas dores musculares, mas que me fazem ter fortes desejos puramente egoístas.
— Mmm. — algo me chama atenção, eu viro meu rosto um pouco e a vejo sorrir largamente, abrangendo um olhar surpreso, que vai convertendo-se à contente. — Justin? — embora ela saiba que seja eu, questiona apenas por força do hábito. Eu mesmo me sinto assustado por vê-la após tanto tempo.
— Hailey? — meu tom de voz soa comum, como de alguém que está devidamente surpreso. — Nossa, quanto tempo. — seus passos reagem à situação, ela se aproxima e, de repente, nos abraçamos. Minhas mãos relaxam após serem retiradas do carrinho.
— Quanto tempo mesmo. — sua voz parece a mesma de quando nos falamos pela última vez. — Então... O que faz aqui? — encaro o carrinho ainda a minha frente, ela entende o que minha expressão facial quer dizer.
— Bom... Compras. — nós dois rimos, é uma situação engraçada, levando em consideração o fato de que anos atrás, eu jamais estaria fazendo isso.
— Eu não sabia que estava na cidade. — Hailey permanece rindo, ainda que estejamos conversando há pouco mais de dois minutos, a coisa não parece normal. É constrangedora, para ser sincero.
— Para ser franco, eu moro aqui há quase sete anos. — seus olhos claros se arregalam aos poucos, assim como sua boca coberta por um batom vermelho. Ela não mudou nada, nem ao menos a forma como encara as coisas a sua volta. — É que eu viajo bastante. — gruo baixo e espero com que ela diga algo, sei que a conversa não acabará aqui.
— Eu realmente não sabia disso. Eu moro há duas quadras daqui. Não estamos tão distantes assim, né? — ela pausa e, quando abre sua boca outra vez para poder dizer mais alguma coisa, Sky corre em minha direção com ambas as mãos ocupadas.
— Eu trouxe um para você também. — ela fala e respira fundo, jogando as barrinhas de chocolates dentro do carrinho de ferro. De repente, a lourinha encara Hailey e, logo depois, me olha, quase como se um ponto de interrogação houvesse sido posto em seu rostinho liso.
— Quem é a garotinha? — Hailey pergunta e se abaixa um pouco, com a intenção de ficar à altura de Sky.
— Essa é a Sky! — eu falo orgulhoso.
— É a sua filha? — a loura levanta seu rosto e me encara assustada. Eu apenas concordo com a cabeça. — Meu Deus, como você é linda! — Hailey agora olha para Sky, que permanece séria olhando a mulher à frente. — Você é a garotinha mais linda que já vi em toda a minha vida.
— Obrigada, moça. — seus passinhos dão protestados, ela caminha para trás, talvez estivesse sem jeito. — Quem é você?
— Eu sou a Hailey. Uma amiga do seu papai. — responde-a, da forma mais gentil que pôde. — Seus olhos parecem dois faróis. — rio abafado, arrancando a atenção dela, fazendo-a se levantar e parar normalmente ao meu lado. — Então, Justin, você tem algum compromisso? Eu pensei em tomarmos algo, enquanto Sky toma um sorvete. O que acha?
— Vamos, papai. — Sky agarra minha blusa e a puxa inúmeras vezes, implorando para que eu diga sim à loura.  
Tudo o que passa em minha mente é “Selena não vai gostar”, porém, entretanto, após observar minha garotinha juntar ambas as palmas, suplicando por algo tão bobo, eu sorrio e concordo com a cabeça.
Pago as compras, coloco-as dentro do porta-malas e puxo a mãozinha de Sky, colocando-a na cadeirinha no banco traseiro. Hailey adentra, aconchega-se no banco do carona e sorri quando faço o mesmo, travando minhas mãos sobre o volante.
Em questão de alguns minutos, chegamos à sorveteria mais próxima.
— Mas como anda a vida? — eu a pergunto, logo depois beberico minha cerveja. Hailey olha para minha Sky e alisa seus cabelos dourados, enquanto a mesma dá atenção apenas ao seu sorvete sabor chicle.
— Boa. — ela diz e ri. — Na verdade, ótima! Estou trabalhando em uma empresa de moda. Tenho um apartamento só meu, um carro meu, minhas próprias coisas...  — ela suspira, mas não é como estivesse infeliz ao dizer, muito pelo contrário. —Me tornei independente. Digamos que eu esteja na minha melhor fase.  
— Tudo o que você sempre quis ser e ter. — eu a conheço como a palma da minha mão, estive muito tempo com ela.
— E você? Finalmente conseguiu?
— É! — meu sorriso é torto, me sinto desconfortável ao entrar neste assunto. — Eu me formei em direito. Quem diria, né?
— Eu sabia que algum dia isso iria acontecer. — gargalhamos juntos, ela bebe seu vinho logo depois. — Mas e ela? Ainda estão juntos? — por que não estaríamos? Essa é a pergunta que quero fazer, mas somente respondo o básico.
— Sim. — porém não me parece o suficiente. — Claro. Faz seis anos já... E, temos outra filha.
— Jura? — ela não parece inconformada, está até sorrindo. — E onde ela está?
— Hope é meio grudada na Selena, então, rara são as vezes que eu consigo sair com ela sem a mãe.
— Ela deve ser um amorzinho, também. — concordo com a cabeça, observando Sky encarar o vácuo. Suas pernas balançam rapidamente. — Eu estava pensando... Você acha que se... — Hailey embola suas palavras, parece desconfortável. — Que se nada disso tivesse acontecido, ainda estaríamos juntos? — por cinco segundos, fico calado. Isso abre porta para uma sensação estranha. Não deveríamos entrar nesse assunto, deveria ser algo morto. — Eu sei que soa repentino, acabamos de nos encontrar, mas... Sei lá, Justin, nós tínhamos tantos planos, tantos sonhos. Eu já superei isso, afinal, se passaram seis anos, mas, às vezes, ainda penso em como poderia ter sido diferente.
— Hailey, eu não me sinto muito confortável em conversar sobre isso com minha filha aqui. — eu sei que Sky é inteligente o bastante ao ponto de logo sacar o que está acontecendo, tenho essa certeza quando eu a vejo me olhar profundamente. — Já faz muito tempo, as coisas acabaram sendo diferentes, mas eu não me arrependo e nem mudaria nada. — a loura concorda com a cabeça, prestando atenção em todas as minhas palavras.
— Você gosta do meu papai? — a pergunta de Sky vem de repente, eu mesmo me assusto, quem dirá Hailey, que logo a olha um pouco sem jeito e sorri confortando o clima.
— Somos amigos, querida, não se preocupe.
— Ah. — ela diz num fio de voz.
— Bom, acho melhor irmos. — me levanto e vejo Hailey olhar-me rapidamente. — Selena está esperando as compras. — tento convencê-la de que esse é o real motivo, mas a verdade é que não desejo ficar mais do que dois minutos à frente da garota com a qual eu tive um relacionamento bem duradouro para um garoto do colegial. — Nos vemos depois.
Sabendo que as bebidas e o sorvete estão pagos, pego a mão limpa de Sky e a puxo gentilmente. Hailey me acompanha, mas não tenho a intenção de levá-la para casa, talvez ela só estivesse trajando o cominho que a possibilita a chegar ao seu apartamento.
Selena vai me matar se, em algum segundo, sonhar que estive com Hailey.
Coloco Sky na cadeirinha e fecho a porta do meu carro preto, olhando, rapidamente, para a loura alta ao lado do meu corpo ainda por fora do veículo. O vento está forte agora, mas nada tão gélido.
— Foi muito bom te ver, Justin. — eu quero dizer o mesmo, mas eu me sinto estranho, no entanto, sorrir me parece a melhor opção. — Bom, é que... O resto dos garotos estão na cidade. Na verdade, alguns dos nossos amigos do colegial. Dylan, Austin... Alfredo. As Jenner. A gente pretende se encontrar essa noite no Hibas. Você conhece?
— Sim, é o barzinho na divisa do bairro, certo? — Hailey assente com a cabeça.
— Se você quiser aparecer, será legal. Vamos recordar os tempos do colégio.
— É... Talvez eu dê uma passadinha lá. — minto, nem passa pela minha mente estar em um local onde minha ex-namorada e meus antigos amigos estão. Fora de cogitação algo como isso. — Até mais. — dou a volta no carro, abro a porta e me jogo sobre o banco, bufando logo em seguida.
Dirijo calmamente.
— Sky, papai quer te pedir uma coisa. — começo um assunto, observando seu rostinho preso sobre o reflexo do espelho acima do teto. Ela sorri. — Não conte para a mamãe que saímos com a Hailey, tudo bem?
— Papai, você quer que eu minta para a minha mamãe? — seu tom é indignado, ela nem ao menos aparenta ter apenas seis anos.
— Não, filha, eu quero que você omita. — explico-a, recebendo um semblante confuso.
— O que é omita?
— Papai quer que você esconda, ok? Você só não irá contar.
— Ah, mas por quê? A mamãe não gosta da sua amiga?
— Na verdade, nem eu sei.
Paro o carro após quinze minutos conduzindo-o. Sky desce do mesmo e me espera. Recolho as sacolas do porta-malas e, com a mão vaga, seguro a de Sky.
Empurro a porta com certa delicadeza após observá-la escorada. Meus passos seguem até a cozinha, eu vejo Hope sentada em sua cadeirinha rosa à frente da mesinha colorida. Coloca alguma roupinha no porquinho que, algumas vezes, lambe seu rosto lisinho.
— Oi! — falo alto. Selena olha para trás e sorri.
Ando em sua direção, depositando um beijo em sua nuca, logo depois de passar seus cabelos para o lado direito de seu corpo.
— Vocês demoraram. — me distancio e coloco as compras sobre o balcão.
— É... — sôo falso. — Demos um passeio.
— Olhe, papai. Ele ficou linto, não é mesmo? — encaro a moreninha e observo o porquinho em suas mãos. Coitado. Rio quando o vejo vestido de princesa. — Os vestitinhos da minha bonequinha serviram nele. Agora ele não vai sentir frio.
— Ficou lindo, filhinha. — ela ri e balança a cabeça. — Já deu um nome a ele?
— Woot. — o quê? — Que nem o tesenho. — ela completa quando nota meu semblante confuso.
— Ah, você fala do Wood? O caubói? — Hope assente com a cabeça, aninhando o bichinho em seus braços.
— Mamãe, você fez a mamatera? — Selena se aproxima com uma mamadeira rosa em suas mãos.
— Sério isso, Selena? — gargalho, vendo-a entregar o objeto para Hope. — Isso é um porco, não um bebê de verdade.
— Justin, não sei se você sabe, mas ele ainda é filhote, ele precisa de leite. E outra, aqui não tem lavagem. — parece bem convincente a forma como ela me responde.
— Vocês deram banho nele? — questiono, observando o nada, notando que Sky não está conosco.
— Já! — responde a moreninha, suas mãos estão ocupadas dando mamadeira ao porquinho rosa em seus braços. — Posso levar o Woot para a casa da titia hoje?
— Acho melhor não, querida, você sabe que a tia Ashley não gosto muito de animaizinhos. — Selena a responde e volta a dar atenção ao fogão aceso por trás de seu corpo.
— Vamos à casa da Ashley hoje? — pergunto, pois não me lembro disso.
— Amor, ela ligou agora a pouco. Disse que dará um jantar essa noite, porque vai nos contar uma novidade. Parece que todos estarão.
— Será que ela está grávida? — rio alto, vendo Selena me olhar por trás de seu ombro. Sua feição é irreconhecível. — Seria até bom para o relacionamento deles, não acha? Assim o Ryan aquieta um pouco. — ela sorri e desliga um dos fogos, limpa sua mão em um pano branco e me olha firmemente.
— É... E eu estava pensando... A gente podia ter outro, não acha? — eu me engasgo com minha própria saliva, arregalando meus olhos e encarando os quatro cantos.
— Outro filho? — pergunto surpreso. Por que ela quer ter outro filho logo agora?
— Por quê? Você não quer?
— Não é que eu não queira, é que... Bom, não estamos no melhor momento para termos outro filho. — tento explicá-la de uma maneira gentil, não me desequilibrando do ar entendedor ao qual me encaixei. — Eu viajo muito e as garotas ainda estão pequenas... Acho que deveríamos pensar em outro filho talvez daqui uns cinco anos, sei lá.
— É, você tem razão. — Selena se inclina um pouco e beija meus lábios de uma maneira rápida. — O que você quer comer hoje?
— Hm, eu posso escolher? — meu tom é carregado por malícia, assim como o sorriso que a mando. Selena se senta em meu colo, rodeia suas mãos em torno do meu pescoço e me olha firmemente. Meus lábios seguem em direção a sua orelha esquerda, enquanto um sussurro maldoso escapa de minhas cordas vocais. — Você. — minhas mãos apertam sua cintura fina, eu noto que seu corpo reage ao meu ato mínimo.
— Justin! — sua palma direita debate-se em meu ombro, mas eu apenas rio.
— Eu estou com saudades. — falo. — Aliás, isso acaba me lembrando de que eu ainda estou bravo pela frustração de ontem à noite.
— A culpa não foi minha.
— Foi sua, sim. — eu rio, apesar de ter dormido frustrado.
— Desculpa. — Selena diz e aproxima seu rosto, beijando-me logo em seguida. — Eu não farei de novo. Prometo.
— Hm, então hoje tem? — ela gargalha e balança a cabeça. Eu recolho sua nuca com ambas as minhas mãos e a olho firmemente. — Continua linda.
— E sua. — é o que ela sempre diz e isso sempre me faz sentir um frio na barriga. É uma sensação boa. — Agora me deixe terminar de fazer o almoço, porque se eu continuar aqui vamos morrer de fome.  
— Espaguete. — respondo-a. Selena concorda com a cabeça, se levanta do meu colo e caminha em direção contrária, voltando a dar atenção ao fogão à frente de seu corpo rígido.
Ao encarar nosso redor, noto que Hope já não está conosco. Entretanto, sigo até a sala, ligo a televisão e, com uma simples passada de olhos, procuro o videogame que sempre deixo ao lado do vídeo cassete.
— SELENA! — grito devido à distância de corpos. — Onde está meu videogame?
— Em uma das gavetas da estante. — sua voz soa abafada, pois sei que gritar nunca pareceu ser do seu feitio.
Após montá-lo, taco meu corpo no sofá e passo cerca de trinta minutos dando atenção ao jogo de futebol. Sinto-me relaxado, o cansaço de antes escorrega de mim e vai em direção a um recipiente distante, enquanto comemoro todas as partidas ganhas em menos tempo que o esperado.
Selena para ao meu lado, mas encara ao seu redor. Eu permaneço olhando à televisão há poucos centímetros longe de mim. Meus dedos apertam os botões da manete rapidamente. Não perco a concentração.
— Justin. — eu não a olho, tento responder, mas não consigo. — Justin!
— Oi, amor. — respondo-a sem olhar.
— Onde estão as meninas? — demoro alguns segundos para raciocinar sua pergunta, mas, aos poucos, minha atenção segue à morena ao lado.
— Sei lá, acho que estão brincando.
Não sei qual é sua reação, mas tenho em mente que seu corpo sofre um movimento brusco ao subir as escadas em direção ao segundo piso.
Em questão de poucos segundos, eu ouço um berro. É algo bem forte e nervoso, que faz com que eu pause o jogo e encare as escadas. Mas, quando outro grito é protestado, eu dou um pulo do sofá e corro em direção contrária, com a intenção de subir para o segundo andar.
— OLHEM SÓ O QUE VOCÊS FIZERAM! — após ouvir a voz irada de Selena, empurro a porta do nosso quarto e arregalo meus olhos com a cena a qual encaro.
Vejo, sem precisar me esforçar muito, a roupa de cama suja de batom vermelho, dois vidros de perfumes jogados ao chão, visto que um deles está vazio agora, dando a oportunidade de um cheiro forte infiltrar-se sobre o quarto.
Ao passar minha atenção às duas garotinhas, observo que Sky está com o rosto sujo de maquiagem, sua boca está borrocada de batom vermelho, seus cabelos na frente parecem mais curtos. Ela os cortou, vejo algumas mechas caídas ao chão, à frente do espelho preso à parede branca. Em seus pés, está os saltos dourados de Selena. Hope não parece diferente.
— Vão para o quarto de vocês agora e não saiam de lá enquanto eu não autorizar. — ambas as garotinhas dão alguns passos para trás e, assim que se viram, vejo seus olhos tremerem. Hope começa a chorar alto, mas se cala quando mais uma vez Selena reage de uma maneira hostil. — Calada, Hope, ou você levará a surra que nunca levou na vida.
Assim que elas adentrar o quarto, fecham a porta. O choro de ambas as garotas soa abafado, embora Selena tenha exigido silêncio.
A morena apoia suas palmas sobre o rosto e fica um tempo de tal forma, resmungando palavras inaudíveis. Mas assim que ela me olha, rola seus olhos e segue até a maquiagem jogada ao chão, recolhendo-a e tentando reaver os danos causados.
— O que foi isso? — pergunto, porque não compreendo a situação que acabei de presenciar.
— Isso o quê? — apesar de tudo, ela parece brava e nem ao menos tentar me esquivar de sua parte irritada. Suas mãos, logo após colocarem a maquiagem sobre a cômoda, pegam ambos os perfumes. Ela lamenta pelo vidro amarelo não ter mais colônia. A verdade é que essa era a sua preferida.
— Isso, Selena... Você gritou com as meninas. Você nunca fez isso.
— Eu sinto muito se eu estou cansada, tudo bem? — nós nos olhamos. Ainda permaneço de pé ao lado da porta. — Digamos que eu esteja de saco cheio. Olha o que elas fizeram com as minhas coisas, Justin. Olhe a minha maquiagem. — ela aponta para o objeto. Ele está estraçalhado. — Olhe o perfume que você me deu. Não tem mais nada. Você nem ao menos olha as suas filhas. — ela respira fundo, mas não recebe resposta, me faltam palavras.
— Desculpe, ok? — peço realmente sincero; ela me olha e engole o seco, prendendo o choro no fundo mais distante de seu corpo. A verdade é que Selena nunca deixara de ser aquela adolescente que sempre chora por tudo. — Eu me distraí. — não pensei que Sky e Hope fossem aprontar, em nenhum momento isso passou pela minha mente. — Amanhã eu te compro um perfume novo.
— Não precisa. — seu tom ainda é rude, ela agora não quer me olhar mais.
— Selena, isso é basicamente culpa sua. Você faz exatamente tudo o que as meninas querem, então, é normal elas serem um pouco atrevidas. — apesar disso, elas são incríveis, mas não posso me esquivar da parte onde Selena abrange exatamente todos os desejos delas. — Eu sei que você não quer ser uma mãe chata, mas todas as mães são chatas. — caminho em sua direção, recolho seu rosto com ambas as minhas mãos e noto sua feição amassada, ela parece triste. — Não tem problema algum proibir algumas coisas. Isso não fará com que elas te amem menos.
— Eu só estou nervosa. — ela sussurra por cima do meu rosto, fechando seus olhos e inspirando de maneira forte.
— Eu sei. E está tudo bem, ok? — a garota me abraça e eu sinto que sorri por trás de mim, seu corpo relaxa em meus braços, eu aconchego seus cabelos por entre meus dedos. — Agora relaxe. Quer jogar videogame comigo depois do almoço?
— Quero. — Selena ri e balança a cabeça freneticamente. — Mas eu escolho o jogo.
— Tudo bem, sem problemas.

Selena Gomez POV.
03h50min PM.
Após algumas batidas na porta, a voz de Sky, dócil e baixa, corresponde aos meus movimentos, impulsionando-me a abrir a porta e enfiar meu rosto entre a mesma e o batente branco. Olho em direção reta, observando as garotinhas sentadas, cada uma em sua cama.
— Posso entrar? — minha pergunta soa mais baixa do que o imaginado, mas eu não me arrependo por isso.
Elas balançam a cabeça, eu fecho a porta após adentrar ao quarto.
— Você está brava com a gente, mamãe? — a lourinha questiona-me em um fio de voz rouco. Eu me sento em sua cama e chamo Hope em um movimento ágil com as mãos. Ela se senta em meu colo e mexe em alguns fios de meus cabelos.
— Não, meu amor. — respondo após olhá-la. — Desculpe por ter gritado, tudo bem? A mamãe não queria ter feito isso.
Tuto bem, mamãe, Hope e Sky não teveriam ter mexito nas suas coisas. — às vezes, acho engraçada a forma como ela fala; como se contasse algo de outra pessoa, quando na verdade fala de si mesma.
— Não deveriam mesmo. — eu falo e elas riem. — Mas está tudo bem agora. Só não o façam outra vez, senão eu vou ficar brava de novo. — elas concordam e Sky impulsiona seu corpo, acabando com o pouco espaçamento que havia entre ambos os corpos. Nós nos abraçamos, as duas agarram meu pescoço de maneira suave, porém confortante. — Mas então? Como foi o passeio com o papai?
— Foi legal. — Sky responde gentilmente, voltando a se deitar sobre a cama e a mexer em sua bonequinha de pano.
— Tá vendo, Hope, você deveria ter ido. — a moreninha encara meu rosto firmemente, mas nada diz. — Você tem que sair mais com o papai, senão ele vai pensar que você não gosta de ficar com ele.
— Hope gosta. — ela fala baixinho, de maneira manhosa.
— Você perdeu. O papai comprou chocolates e depois a gente foi tomar sorvete com a amiga dele. Ela é muito legal. — eu a olho no mesmo segundo, arregalando meus olhos e vendo os dela imitarem os meus.  — Opa! Não era para eu ter contado. — suas mãos seguem em direção à boca aberta de maneira extravagante.
— Não era para ter me contado? Por que não?
— O papai pediu. — ela responde mais baixo do que o esperado. — Você não vai brigar com ele, né, mamãe? — eu a ignoro.
— Que amiga? Como ela é?
— Ela é loura, tem olhos azuis e é alta. Ela disse que trabalha em uma empresa de moda.
— Qual o nome dela, Sky? — ela para um pouco e encara o vácuo, tentando se lembrar de algo.
Sky massageia os lábios e, depois de alguns segundos, responde:
— Eu acho que é Hailey.
— Hailey? — pergunto perplexa. — Eu não acredito que ele fez isso. — bato meu punho em uma das minhas pernas e coloco Hope na cama ao lado de Sky, levantando meu corpo e caminhando em direção diferente de ambas as garotas.
Jogo meu corpo sobre o sofá e apoio minha cabeça em seu braço direito, observando as tatuagens presa no resto das partes. Entretanto, olho por um tempo a televisão, depois, encaro suas mãos que seguram a manete preta.
— Amor? — eu o chamo, mas Justin não me olha, está concentrado demais na partida de futebol.
— Hm? — ele apenas murmura.
— Você tem alguma coisa para me contar?
— Não. — ele responde rápido. — Por quê? Você tem alguma coisa para me contar? — na verdade tenho, mas não acho que seja o melhor momento.
— Não, nada. — Justin me olha por alguns segundos e sorri. — Você quer comer alguma coisa? — o louro apenas nega com a cabeça e, de repente, xinga.
— Que porra é essa? Isso não foi falta. — me desencosto do seu corpo, observando a reação abismada que ele revela. — Cartão vermelho? Isso é um absurdo.
— Você ficará o dia inteiro nesse videogame? Eu pensei em fazermos algo juntos...
— Espere um pouquinho, Sel, eu só vou jogar mais uma partida, ok? — ele nem tenta me olhar, porém eu rolo meus olhos e levanto-me do sofá.
Brincadeira viu. Rara são as vezes que eu não sinto vontade de quebrar esse videogame em vários pedaços. Para ser honesta, quebraria na cabeça dele.
Alguns minutos se passaram e soaram como horas. Eu me deitei no sofá vago e senti Sky subir em meu colo, junto com Hope. Nos esprememos, mas nada nunca pareceu ruim quando estou com elas. Justin xingou quase vinte vezes em dois minutos, não se importando com as palavras chulas que usou.
Maravilhoso resto de tarde.
— Justin... Você já terminou ou eu terei que esperar mais? — ele me olha e eu revelo uma feição tediosa. — Você disse que seria apenas mais uma partida e essa foi a quarta desde que eu me deitei aqui.
— Meu amor, você já jogou. Agora é a minha vez. — sinto vontade de rir, mas não o faço.
— Você acha que eu estou a fim de jogar futebol, Justin? — agora pareço irritada, mas ele não se importa com o tom hostil com o qual me infiltro.
— Relaxa, ok? Eu vou jogar só mais um pouco, aí depois nós nos arrumamos para irmos à casa da Ashley.
— Tá bom, amor, não reclame à noite. — ele me olha sério e arregala seus olhos, sabendo sobre o que se trata. — Peça carinho ao videogame. Vai que ele acaba te ajudando a fazer bebês. — as garotas riem, mas permanecem imóveis.
— Beleza, garotas, que tal irmos ao cinema? — Justin solta a manete e se levanta do sofá, batendo as mãos em sua bermuda preta.
— EBA! — as duas falam juntas, saindo do meu colo; ambas correm em direção à escada.
— Eu vou vestir minha roupa de princesa. — diz Sky, pegando na mãozinha de Hope.
— E a Hope vai pegar o Woot. — Hope diz de maneira engraçada, sempre achei estranha a forma como ela conversa, muitas das vezes, na terceira pessoa.
— Sky, sem roupa de princesa... Hope, sem o porquinho. — Justin fala alto, arrancando risadas minhas. Agora já não estou mais deitada no sofá. — Então, Vai assim mesmo? De camisola?
— Pensei que quisesse jogar mais um pouco de videogame. — falo sarcástica, mas Justin é rápido demais ao ponto de puxar meus braços e prender-me à frente de seu corpo.
— Pensou errado. Estou ansioso para ver um filme de criança com minhas três pessoas favoritas. — ele parece sarcástico também, mas no fundo sei que há sinceridade em sua frase.
— Então, hoje à noite eu visto minha fantasia de Branca de Neve. — sussurro baixinho, com meus lábios quase colados em sua orelha esquerda.
— Eu vou amar. — o louro sussurra de volta e me beija, deslizando sua boca sobre meu pescoço quente. Rio baixinho, apertando seus braços. — Agora vá logo se trocar, porque de camisola você não passa por essa porta. — após gargalhar, me afasto, com a intenção de fazer o que ele pediu.

Justin Bieber POV.
Algumas horas depois
07h30min PM.
Aperto suas pernas desnudas e encaro a taça vazia em minha mão esquerda, rindo da piada que Chaz acabara de contar. Selena me olha e aproxima seu rosto, beijando meus lábios rapidamente. Ela está linda essa noite, não muito diferente de todas as outras em que estivemos juntos.
— Ela gritou para mim: “grosso”. Eu olhei para ela, sorri malicioso e sussurrei: “apertadinha”. — fala Jaden, arrancando-nos risadas.
— E ainda conseguiu transar com ela? — Chris debocha, fazendo o garoto olhá-lo de lado.
— Pelo menos eu tenho alguém com quem transar, não fico me masturbando enquanto vejo desenho pornô. — Jaden rebate, todos na sala gargalham.
— Não coloque meus hentais na conversa. Pelo menos eles não fingem um orgasmo. — Chris rebate. Selena agarra meu braço esquerdo e ri alto, mas abafa o timbre após apoiar seus lábios sobre minha pele.
— Coisa que acontece quando alguma mulher transa com o Chaz, certo? — Ryan brinca, eu apoio a taça sobre a mesinha central. — Elas sempre fingem ser a melhor transa da vida delas.
— Vá se foder, cara. — Chaz quase grita, eu agradeço por Sky e Hope estarem brincando com as sobrinhas de Ashley. Todas no quarto. — Ouça, eu não queria dizer isso, mas eu já vi o Justin pelado. Foi quando a galera do colegial resolveu pular em um rio no meio da madrugada. — eu arregalo meus olhos, já sabendo sobre o dia. — Ele deve realmente amar transar com a Selena, porque ela tem mãos pequenas, então quando ela segura o pau dele, o faz parecer grande. — gargalhamos, eu mesmo rio do que acabara de ouvir. Selena gargalha, e nem ao menos tenta tranquilizar sua reação.
— Amor, não é verdade. — ela diz e segura meu rosto. Mas eu também não consigo parar de rir.
— Sabe? O único que não foi zoado aqui é o Ryan... E falando nisso, você fez aquele exame de sangue? Sabe, por aquela vez que você acordou ao lado de uma mulher com bolas. — debocho, fazendo Ashley arregalar seus olhos e encarar o namorado. O resto está rindo alto.
— Aquilo foi um mal entendido... Eu não transei com aquele cara, seu filho da puta, e você sabe disso. — Ryan fala eufórico, mas ele não leva para um lado pessoal.
— Ryan! — Ashley diz alto, colocando suas mãos sobre a boca.
— Ashley, eu estava chapado, tá legal? Mas eu fiz o exame, eu não fui estuprado, falou? Esse assunto era para estar morto. Odeio vocês! — nós rimos, sinto minhas bochechas doerem.
— Vamos parar de falar de nós. — diz Jaden, bebericando um pouco de seu vinho. — Vamos às garotas! — Selena me olha assustada. — Com quantos caras você já dormiu, Selena? Pode dizer, Justin sabe que isso é passado.
— Eu sou o único homem com quem a Selena já transou, ok? Que fique claro. — eu a abraço e os rapazes soltam um rugido engraçado.
— Não perguntarei nem a Ashley. — Ryan protesta. — Essa aí já beijou até mulher.
— Foi antes de te conhecer, meu lourinho. — a loura beija o namorado e ri.
— E você já transou com uma, Ashley? — o tom de Chaz é animado, ele balança seus braços e encara a garota à frente. — Você... Sabe? — ele simula um “dois” com os dedos da mão direita e balança a língua entre eles.
— Você é nojento, Chaz! — Ashley acusa-o e levanta do sofá. — Eu vou ir ver se o frango está pronto.
— Ah, eu te ajudo. — Selena fala antes de se levantar. Seu corpo sofre um movimento brusco, mas se inclina rapidamente com a intenção de pregarmos os lábios. Sorrio no meio do beijo.
Quando ambas as garotas se afastam da sala, Ryan, Jaden, Chaz e Chris se aproximam de mim.
— Por que as duas precisam ver se o frango está pronto? Uma delas não pode fazer isso sozinha? — Chris pergunta baixinho, eu rio após notar o tom assustado de sua voz.
— Cara. — Ryan ri debochado. — Você não conhece mulheres?
— Ele não consegue uma, Ryan, a reação dele é compreensível. — Jaden fala em meio de risadas.  
— Elas, provavelmente, foram contar segredinhos. Mulheres fazem muito isso, sabiam? — eu olho firmemente para Ryan, enquanto eu o vejo ter uma expressão normal. — Elas contam tudo uma para outra... Até tamanhos de pênis.
— Que coisa esquisita. — sussurra Chaz, dando atenção à bebida escura. — Mas, enfim, o que vocês têm para nos contar?
— Ah, eu estou esperando o resto das pessoas chegarem. — Ryan argumenta, mas quando termina sua frase, batidas fortes ecoam o ambiente. — Que, na verdade, acabaram de chegar.
Ryan se levanta e abre a porta, dando-me a possibilidade de ver Nick, Joe e Debby adentrarem o apartamento.
— Oi, galera. — fala Nick, se aproximando, os demais fazem o mesmo. — Justin! Quanto tempo, cara. — ele diz devido à viagem de quase três meses que fiz. Nós batemos as palmas em um sinal comum. — Eu soube que estava viajando a trabalho. — enquanto ele fala, eu cumprimento Debby e, posteriormente, Joe.
— É! Eu fui à Florida. — explico. — Mas, graças a Deus já estou em casa.
Conforme os minutos se passaram, percebi que Joe e Debby estavam tendo algo. Nick começou a conversar com Jaden e o resto dos caras, com exceção de Ryan, que se afastou um pouco para atender o celular.
Quando o vejo finalizar a ligação, me levanto do sofá e sigo até a sacada, com o intuito de falar a sós com Ryan. Ainda não tive essa oportunidade.
Meu corpo é escorado na curta parede, eu olho para a rua deserta.
— Você sabe quem eu vi hoje mais cedo? — sou o primeiro a falar.
— Não. — ele me responde sério, virando de lado para poder me encarar melhor.
— Hailey! — falo baixo, não querendo que esse nome espalhe sobre o ar.
— Então?
— Então, que eu bebi uma cerveja com ela enquanto Sky tomava sorvete. — Ryan não diz nada, ele sabe que isso não foi minha melhor escolha. — E ela me disse que os caras estão na cidade... Austin, Dylan... Até mesmo o Alfredo.
— Alfredo? Eu não tenho contato com ele desde o dia em que disse que me mudaria para cá com os caras. Ele não quis vir, falou que não queria largar a vida em Chicago de uma forma tão repentina. Ficou com raiva, mesmo negando isso para todos.
— E parece que eles irão se reunir para relembrar os velhos tempos... — nós dois rimos, soa engraçado, porque já faz seis anos.
— Você vai ir?
— Não. — sou sincero. — Eu prefiro ficar aqui, esperando a novidade que você e a Ashley irão nos dar.
— Acho que você ficará surpreso. — ficamos alguns segundos em silêncio, mas quando, enquanto aconchego uma expressão confusa encarando Nick, pergunto realmente assustado:
— Desde quando você e o Nick são amigos?
— Desde o dia em que meu melhor amigo resolveu ficar viajando. Eu preciso de alguém que me acompanhe no videogame, né, cara? — rio, mas minha expressão muda quando observo Selena entrar na sala e abraçar Nick.
Espera, quando eles se conheceram? Nick é apenas um cara que Ryan conheceu em seu emprego. Nós nunca realmente tivemos uma conversa que durasse mais do que dez minutos. 
— E desde quando ele e Selena são amigos? — Ryan segue meu olhar e ri baixo, voltando a me encarar logo depois.
— Não está com ciúmes, né, irmão?
— Foi só uma pergunta, Ryan. — minto, acho que estou com ciúmes sim, e isso aumenta quando eu os vejo sentarem nos sofá. Ela ri de algo que ele fala.
Nick pega uma garrafa de vinho e serve Selena, depois se serve.
— Então, a Selena vem muito para cá e eu passo muito tempo aqui também, já que eu namoro a Ashley. — explica-me. — E, bom, acabo chamando Nick. Eles conversaram algumas vezes enquanto jogávamos futebol.
— E isso aconteceu quantas vezes?
— Só umas duas vezes. — não digo mais nada, porém meu corpo reage de uma maneira diferente quando eu vejo ele aproximar seu rosto e dizer algo perto do ouvido de Selena. Ela sorri e eu... Eu apenas caminho em sua direção, esboçando a minha pior expressão facial.

Selena Gomez POV.
Alguns minutos antes.
— Então... É sobre o noivado? — pergunto-a entusiasmada. Ashley balança a cabeça após posicionar seu corpo normalmente. Ela fecha o forno e limpa suas mãos em uma fralda de pano qualquer.
— Finalmente, depois de anos, Ryan resolveu me pedir em casamento.
— Eu estou muito feliz por você, Ashley. De verdade. — nós nos abraçamos, ela parece tão elétrica está noite. — Ele virá morar aqui, ou...?
— Nós conversamos e chegamos à conclusão de que nos mudaremos para uma casa.
— Mas por quê? Seu apartamento é tão lindo.
— É, mas ele é pequeno. Ryan disse que quer ter filhos. — abro minha boca ao extremo, vendo Ashley dar alguns pulinhos.
— Isso é tão incrível. — sou sincera, sei o quanto Ashley é apaixonada por Ryan e vice versa.
— Falando em filhos... Você contou a ele?
— Não. E depois da conversa que tivemos essa tarde, não quero contar mais.
— O que aconteceu? — a loura pergunta aflita, nesse momento estou da mesma forma.
— Justin não quer ter filhos, Ashley. — ela engole o seco e nós nos sentamos sobre os banquinhos à frente do balcão de mármore. Eu olho ao meu redor. — Eu dei a entender que estou grávida, mas ele reagiu de uma forma estranha. Disse que não é o melhor momento para termos outro filho...
— Ele deveria ter pensado isso antes de transar sem camisinha, não acha? — eu concordo, mas nada digo, apenas encaro minhas mãos, observando a aliança presa em meu dedo anular da mão esquerda. — Você tem que contar, Selena, me surpreende ele ainda não ter descoberto. Sua barriga não está grande, mas se reparar bem, nota-se a diferença.
— Homens são burros, Ashley, se duvidar eu precisarei explicar ao Justin como isso aconteceu. — ela ri e me faz rir também. — E outra, eu estou um pouco chateada com ele, apesar dos apesares. Ele se encontrou com a ex essa manhã.
— O quê? — seu tom é indignado. — Como você soube?
— Ele estava com a Sky. Ela me contou e ainda disse que a garota é “legal”. — eu debocho, minha voz soa fina devido ao ciúme que sinto. — Não acredito que ele não me disse nada, Ashley.
— Espere um pouco. — pede, mas eu não cogito essa opção. — Ele pode estar pensando em como te contar. Afinal, eu ficaria invocada caso Ryan me dissesse que esteve com uma ex.
— Aí é que está! Ele não pretende me contar. Pediu à Sky para não dizer nada. Como você espera que eu reaja a isso?
— Você é mais calma do que eu, porque se fosse comigo, eu já teria feito algo a respeito.
— É que eu não quero brigar, Ashley. Justin chegou ontem, eu não quero recebê-lo com uma discussão. Mas a minha boca está coçando para poder perguntar sobre isso.
Não dissemos mais nada, pois o barulho da porta nos desperta de uma conversa que duraria horas.
Ashley e eu nos tornamos muito amigas. Isso aconteceu quando a mesma visitou minha casa com Ryan. No outro dia, ela me ligou. Desde então, não nos desgrudamos mais.
Caminho em direção à sala e vejo Nick ao lado de Jaden. Ambos de pé. Quando nossos olhares se encontram, seu corpo reage a isso e eu ando em passos curtos, me aproximando do rapaz sorridente.
— Sel! — sua voz soa meiga, nós nos abraçamos. — Que bom vê-la.
— Igualmente. — rio gentil, me afastando e sentando-me em um dos sofás. Nick senta-se ao meu lado.
— Então, você está bem?
— Muito. Justin finalmente voltou para casa.
— Eu o vi. — ele sorri de maneira simpática. Suas mãos seguem em direção reta. Nick serve vinho em duas taças, me entregando uma delas.
— Mas e você? Está bem?
— Eu estou ótimo. Tenho uma novidade... — seu rosto se aproxima, sua boca, dessa vez, está poucos centímetros longe do meu ouvido. — Eu finalmente pedi a Rachel em namoro. — abro minha boca ao extremo, ficando feliz pela notícia.
Nas duas vezes em que nos falamos, Nick deixou evidente o fato de estar realmente gostando de Rachel, uma amiga do seu trabalho. Saíram algumas vezes, mas hoje, sei que é algo há mais do que encontros.
Meus olhos sobem lentamente, eu vejo o rosto de Justin tampar a claridade de um dos lustres que iluminam o perímetro onde me encontro. Ele está sério, mas quando abro minha boca para questioná-lo a respeito, sua voz rouca diz numa maneira hostil:
— Vamos embora. — eu o olho confusa. Minha testa franze, ambas as sobrancelhas acabam se encontrando.
— Aconteceu algo? — pergunto confusa.
— Não, só vamos embora. — ele repete da mesma forma ofensiva. Sua garganta treme um pouco, Justin nem ao menos desvia o olhar. Sua atenção é só em mim... Apenas em mim e é a primeira vez que não gosto da forma como ele me olha.
— Amor, a Ashley e o Ryan nem ao menos serviram o jantar.
— Sim e você já quer ir embora? — Ashley aparece por trás de seu corpo, esboçando um sorriso lindo em seu rosto. Justin vira o pescoço e a olha por alguns segundos.
— Não me leve a mal, Ashley, mas eu e Selena vamos embora sim.
— Cara, fica mais um pouco. — Nick insiste, Justin o olha no mesmo segundo.
— Eu não estou falando com você, Nicholas, é entre mim e a minha mulher, entendeu? Não se meta. — arregalo meus olhos, me sinto péssima pela forma que Justin fala. — Selena, apenas chame as meninas e vamos embora.
— Justin, vamos esperar pelo menos eles contarem o que... — antes de eu terminar, seu grito me assusta.
— VAMOS EMBORA AGORA, SELENA.
Minha boca se abre as poucos. Eu o olho durante segundos, quase minutos, observando sua feição séria e irada, tal como se quisesse socar alguém, depositar a raiva que sente agora, em uma das pessoas presentes.
Meus olhos escorregam por todo o lugar, eu vejo todos nos olhando, todos calados e surpresos com o que acabara de acontecer. E, no fundo mais cômico da sala, observo minhas duas garotinhas paradas, ambas juntinhas, encarando a cena.
Então, eu me levanto, balanço a cabeça e atravesso seu corpo, seguindo em direção à porta.
— Sky, Hope... Vamos. — ele fala alto. Elas o obedecem, vindo em minha direção.
Meu estômago embrulha, eu quero vomitar, mas seguro quando engulo o seco duas vezes consecutivas.
Saímos do apartamento, Ryan diz algo, mas sou incapaz de ouvi-lo normalmente.
Ficamos em silêncio durante nosso tempo dentro do elevador. As garotas apenas se olhavam, eu só conseguia encarar meus pés juntos sobre o solo liso.
Todavia, assim que eu entro no carro após colocar Sky e Hope em ambas as cadeirinhas presas sobre o banco traseiro, relaxo meu corpo e vejo Justin dar a volta no veículo, entrando no mesmo logo em seguida.
Quando eu o olho, eu noto que ele está me olhando também. E, por essa troca de contato visual, tenho a certeza de que teremos sim a briga que eu tanto queria evitar. 

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