Tem uma canção dentro da minha
alma.
É o que eu tentei compor várias e várias vezes.
Eu estou acordado no frio infinito
Mas você canta para mim várias e várias vezes.
É o que eu tentei compor várias e várias vezes.
Eu estou acordado no frio infinito
Mas você canta para mim várias e várias vezes.
Sky
permaneceu no hospital por duas semanas. Tempo o suficiente para que seu peso aumentasse
e seus pulmões se formassem por completo. Selena não foi embora, esteve com ela
durante cada segundo de todos os catorze dias. Eu só pude vê-las durante as
noites, mas nada mais do que duas horas. Eu e Selena tínhamos um vínculo, por
mais que ela se recusasse a estar comigo, de certo modo. Eu estava aprendo a
amá-la, apesar de ter em mente que isso já está acontecendo há um tempo. Sentia
como se eu não fosse forte o bastante para dizê-la, no entanto, por duas
semanas, comecei a escrever a última carta; eu estava cansado de não saber como
dizê-la, tudo aquilo que eu preciso que ela saiba.
Hoje
é o dia em que Sky receberá alta e, pela primeira vez, verá a luz do sol.
Formarei-me
dentro de algumas semanas, e haverá uma pequena recepção de despedida, onde eu
provavelmente verei meus colegas pela última vez.
Selena
aninha Sky em seus braços e sorri enquanto saíamos do hospital. Eu agradeci ao
Zac, que sorriu gentilmente e disse “nos
vemos na próxima”. Isso me fez ter uma bela perspectiva sobre o assunto.
Então, por essa razão, eu o respondi: “sim,
nos vemos na próxima”.
—
Segure Sky direito, Selena. — eu olho para a mulher baixinha ao meu lado. Pergunto-me
o que há de errado na maneira como Selena segura Sky, logo vejo que isso é
apenas mais uma das implicâncias que Mandy passara a ter. Da forma que Selena
aparenta ser acostumada, a mesma apenas sorri para mim, um pouco antes de eu
empurrar a porta do prédio e esperá-la passar.
—
Eu estarei lá às oito. — falo quando vejo Selena parada ao lado do táxi. Brian
abre a porta e a garota adentra no veículo amarelado. Há uma manta branca sobre
o rosto de Sky, evitando que o sol forte toque seu rostinho banhado pela cor de
pele mais rasa que eu pudera ver algum dia.
— Estaremos
esperando por você. — ela responde como se dissesse não só por ela, mas também
pelo bebê em seus braços. — Justin, agradeça seu pai por mim. — arqueio minha
sobrancelha, questionando-a o motivo pelo qual eu agradeceria Jeremy. — Diga
que sou eternamente grata por ele ter ajudado com tudo. Tanto pelo pagamento no
hospital, quanto pelas coisas que Sky precisou.
Assinto
com a cabeça e fecho a porta, quando, enquanto mantenho uma feição séria, Mandy
entra pelo lado oposto em que estou. Vejo o carro sumir das minhas vistas,
desejo não precisar ir trabalhar hoje, mas não encontro saída. Porém, entretanto,
corro até meu carro estacionado em uma área proibida, ligo o mesmo e ouço o
barulho forte que o motor faz assim que meu pé pisa fundo no acelerador,
transbordando fumaças por trás do transporte preto.
Dessa
vez, eu penso em tudo o que aconteceu em oito meses, desde o princípio,
lembrando das inúmeras idiotices cometidas por mim. Com a ajuda de ninguém
mais, além da ridícula imaturidade de um garoto mimado, coberto pelas vontades
dos pais. A estrada parece tão turva a meu ver, pigarreando por trás dos meus
olhos nus. As árvores são como borrões e eu só consigo me lembrar da forma que
ela me olhou na noite em que eu dissera a frase mais ridícula que minha mente
um dia cogitou em pensar.
“Odeio tudo isso, Selena.
Odeio o que minha vida se tornou e
odeio mais ainda o fato de ter dormido com você naquela noite.”
Odeio o que minha vida se tornou e
odeio mais ainda o fato de ter dormido com você naquela noite.”
Não,
eu não odeio aquela noite. Eu jamais poderia odiar a noite em que eu te
conheci, em que eu deitei com você pela primeira vez. E é exatamente por essa
razão que eu abrirei mão de tudo o que eu um dia desejei. Por você, tudo por
você e, a partir de agora, será só por você. Porque eu nunca mais quero ver
aquele olhar de tristeza, decepção e frustração direcionado a mim outra vez,
não quando é você, a garota dos meus sonhos, quem o dirige a mim.
Abro
a porta do carro e a bato com força, quando encaro a imensa casa ao meu lado. Corro
até sentir minhas pernas latejarem, e quando eu o vejo sentado no sofá, com um
jornal sobre as mãos tampando seu rosto cansado pela meia idade, eu sorrio, me
lembrando das inúmeras vezes que cheguei tarde em casa e recebi sermões. É
nesse momento que eu desejo que ele me xingue outra vez, pois estou cansado do
seu silêncio, estou em abstinência de sua gritaria e de sua preocupação de pai,
mesmo que eu me irrite as vezes, mesmo que eu diga que odeio o fato de ele ser tão rude.
Jeremy
abaixa o jornal e lambe seus lábios. Eu limpo meu rosto com as costas da minha
mão direita, evidenciando o choro preso em minha garganta. Isso passou a se
tornar algo meu, chorar quando eu sinto as coisas pesadas em minhas costas,
pois me sinto fraco o suficiente para segurar tudo o que eu preciso pôr para
fora, mesmo que eu seja nitidamente mal compreendido, já que as pessoas sempre
me olharam depressa demais para poderem entender como venho me sentido.
—
Eu só queria te agradecer por todas as vezes que você me enxergou melhor do que
eu mesmo. Por ter tido paciência, por me olhar calmamente e apontar meus erros,
mesmo quando eu fui incapaz de assumi-los, não só para você, mas para mim
mesmo. — ele pisca calmamente, dobra o jornal e se levanta de sua poltrona,
largando o papel ao lado de uma mesinha central. — Eu não quero perder o que
nós dois somos. Eu não quero mais aguentar seu silêncio. Então, se você quiser
gritar comigo, me xingar, me bater, socar minha cara e dizer que eu estava
errado e que sou um idiota, faça, só não olhe para mim como se eu fosse seu
maior erro.
Ele
caminha após ouvir-me dizer. Então, num movimento impulsivo, seus braços me
preenchem com um braço apertando, me fazendo fechar os olhos e agradecê-lo da
maneira que quero, e não da forma acanhada, mas sim da maneira que desejo, do
jeito que faz as palavras entalarem sobre minha garganta.
—
Obrigado, pai! — falo baixo, mas sei que ele escuta. — Obrigado por ter
colocado Selena em minha vida. Por ter feito de mim, a pessoa que eu realmente
desejo ser. Por ter enxergado por mim, todas as vezes que eu estive cego. Por
ter escutado, quando eu fui surdo, e dito, quando perdi minha voz. — ele não responde, mas sei que está
sorrindo, pois sinto seus músculos se contraírem. — Não quero cometer erros,
mas se eu os fizer, quero que você esteja por perto para apontá-los a mim.
—
Você não é um erro, Justin. — ele diz tão pouco, mas soa como se fosse inúmeras
frases, tais como as que eu realmente preciso ouvir.
No mesmo dia, à noite.
Agarro
a maçaneta e a rodo com lentidão, apoiando meu corpo sobre a madeira e abrindo
a porta com delicadeza. Selena está sentada na cama, enquanto brinca com Sky,
apesar da mesma não entender nada ou esboçar qualquer tipo de expressão além de
uma carinha meiga e, às vezes, algo como se estivesse suprindo seu choro.
—
Estávamos te esperando. — ela diz mesmo sem me olhar. — Sky não dorme, acho que
ela está agitada hoje. — ri e me faz rir também. — Talvez ela esteja apenas
estranhando a casa.
Aproximo
meu corpo até fazer minhas pernas baterem na madeira branca da cama. O quarto
está sendo iluminado apenas pela luz fraca do abajur, algo como uma luz
fluorescente da cor rosa. Apoio meu corpo na cama, porém longe do manto em que
Sky está deitada, suas perninhas balançam várias e várias vezes, assim como
seus dois bracinhos. Selena passa seus indicadores na palma da bebêzinha, e u
posso ver a cor do sangue escorrendo por suas veias.
—
Ela é tão linda, não acha? O bebê mais lindo que eu já vi. — murmura a garota.
— Você acha que ela me ama?
—
Acho. — falo certo, seria impossível Sky não amá-la.
—
Eu estou louca para vê-la sorrindo. — eu olho para Selena e encaro todo o seu
corpo. Eu não me lembrava da forma que ela era antes de sua barriga ficar grande.
— O que eu vejo são apenas reflexos de um sorriso. Minha mãe disse que ela
começará a esboçar expressões depois dos dois meses. — Sky chora, após fazer
uma careta engraçada. — Oh, meu amor, não chora. Mamãe está aqui com você. — eu
vejo Selena esticar seus braços e recolher a bebêzinha, juntando seu corpo ao
dela, transmitindo algum tipo de afeto. Seu choro é reprimido e seus olhos se
fecham depois de Selena cantarolar baixinho.
—
Ela gosta da sua voz. — falo por impulso. Selena ri e nega com a cabeça. — Acho
que você está se saindo bem como mãe.
—
Você está se saindo bem também. — eu não confio muito, talvez Selena só tenha dito
como forma de gentileza.
—
Não, eu nem ao menos sei segurá-la. — eu a segurei uma vez e foi o suficiente
para tremer durante todo o dia. — Eu me formo na semana que vem... Queria que
você me fizesse companhia.
—
Você fará faculdade?
—
Sim. — Selena apoia Sky sobre a manta novamente e eu vejo que ela está
dormindo, não precisou de muito para isso. — Mas eu ainda não olhei nenhuma
universidade, só a da cidade vizinha, porém eu não irei para lá mais.
—
Por quê? — ela me olha firmemente e eu sinto vontade de beijá-la ao vê-la
molhar seus lábios com sua língua.
—
Porque isso me faria ficar longe de você e da Sky. — ela sorri, apenas sorri e
é como se dissesse mil coisas a mim. Passei a gostar do seu silêncio, pois como
todas às vezes, é como se ele dissesse tudo. — Mas você ainda não disse se me
fará companhia.
— Eu
vou estar lá. — garante. Eu balanço a cabeça e encaro Sky de ladinho, com seus
bracinhos juntos e as perninhas dobradas, formando uma simples bolinha humana.
Sua boca está aberta e um pouco ressecada, o cheiro que flui dela, é o melhor
que já senti. Selena, notando a atenção que ponho em Sky, segue meus olhos e
alisa o rostinho do nosso bebê, o fazendo se mexer um pouco e bocejar logo em
seguida. — Eu sinto vontade de apertá-la e não soltar mais. É quase como se
você estivesse aqui, quando estou com ela.
—
Você deveria voltar para casa.
—
Nós já falamos sobre isso, Justin.
—
Eu sei, mas... Selena, eu quero que volte comigo. — falo alto, ela me repreende
com um olhar fechado. — Quando irá me desculpar?
—
Eu não tenho que te desculpar, eu já disse que está tudo bem entre nós dois. —
rolo meus olhos e me levanto com pressa, começando a caminhar de um lado para o
outro. Eu sou um pouco estressado, acho que ela percebeu isso durante o tempo
em que estivemos juntos.
—
Você quer que eu me ajoelhe, é isso?
— O
quê? Não, Justin, eu só quero que não briguemos hoje. — eu vejo seu corpo se
levantar da cama e vir em minha direção. — Não perto da Sky, tudo bem? Nos
falamos depois.
—
Eu não vou embora sem você, Selena. Eu quero que você e a nossa filha venha
comigo e que passemos a noite juntos, mas na nossa casa.
—
Oh, Justin, você não compreende? — questiona-me indagando. Não, eu não compreendo, penso. — Nós dois não daremos certo, se for
para forçarmos algo. As coisas precisam vir naturalmente e é por essa razão que
eu estou aqui e você agora vive lá. Você está livre, apesar de tudo.
—
Do que está falando? — prolifero irritado.
—
Esse era o seu plano, certo? Depois que o nosso bebê nascesse, você voltaria
com ela.
—
Para com essa merda. Pare de me dizer o que fazer, você não entende as coisas
que eu sinto ou penso. Na verdade, ninguém vem me entendendo, e é exatamente
por isso que vocês têm me olhado de uma forma tão rápida. Mas quero que saiba
que você não faz ideia dos sentimentos que eu sinto e dos pensamentos que
correm pela minha cabeça. Então, não aja como se você fosse a dona da razão e
soubesse o que é bom para mim.
—
Não estou olhando o que é bom para você. — eu arregalo meus olhos. — Estou olhando
o que é bom para mim. Esse foi o melhor conselho que você me deu, Justin. “Sempre se coloque em primeiro
lugar e faça tudo por você, então, se sobrar tempo, faça algo pelos outros”. —
ela repete minha frase com tanto desdém e isso faz com que eu solte um sibilo
alto e frustrante. — Estou fazendo isso por mim. Eu não preciso quebrar minha
cara mais de uma vez para saber o que é certo ou errado. Eu sou uma adolescente
apaixonada e bobinha, mas não idiota.
—
Não é como se eu pensasse isso de você. — falo baixo. Eu pensei isso. No
começo, eu realmente a achava uma adolescente bobinha e ingênua, mas a verdade
é que ela só era boa demais. Boa demais para mim. — Eu só quero você de volta.
— E
por que me quer de volta? — eu não consigo dizer, não posso, não sai. Mesmo com
minha boca aberta, nada sai das minhas cordas vocais além de palavras emboladas
e medonhas.
São apenas três palavras, porra.
As três palavras que eu não sei como dizer.
—
Quando souber o motivo, eu estarei aqui para ouvi-lo. — Selena se vira e volta
a caminhar até a cama, sorrindo e aninhando seu corpo com o de Sky. Eu encaro
tudo de longe, ainda que eu esteja em seu quarto.
Não
quero dormir sozinho essa noite, quero sua companhia, mas é complicado demais
dizer por que eu preciso disso.
Algumas semanas
depois.
Após meu simples discurso, pego
meu diploma e agradeço à diretora, deixando evidente que sou grato por toda a
ajuda que recebi durante todos os anos que estive em sua supervisão. Ryan
parece feliz, os rapazes também, eu não vejo uma linha reta sobre a boca de
todos, por nenhum segundo.
Aflito, busco por ela perante a
multidão, mas tudo o que eu vejo é o sorriso largo que está sobre o rosto de
Pattie. Ela me olha de uma maneira tão confortante que me sinto com vontade de
abraçá-la, apertando todo o seu corpo miúdo e magro, espremendo seus ossos e
ouvindo-a reclamar, dizer que está sufocante a forma como eu acabo de tratá-la.
Mas nós rimos. Ela é a melhor mulher de todas.
Mamãe disse que dias difíceis
foram aqueles em que teve de abrir mão de sua vida, para colocar a minha em
primeiro lugar. Noites mal dormidas, orelhas absurdas, mas um amor
incondicional por seu único filho. Dissera que eu me chamaria Jesse, mas no segundo
em que nos olhamos pela primeira vez, tivera a certeza de que eu não tinha nada
a ver com certo nome. Justin foi o escolhido.
—
Meu bebê finalmente se formou. — sua voz é fina, mas eu a amo.
—
Mãe, sem essa, estamos em público. — ela ri e aperta minhas bochechas. — Mãe. —
xingo outra vez.
— Não
me irrite. Você é meu único filho e eu só poderei fazer isso outra vez, quando
finalmente se formar na faculdade. Vá saber quando isso acontecerá, né, Justin.
—
Daqui cinco anos. — ela sorri e me abraça outra vez. — Eu prometo que eu
estarei formado em cinco anos, senhora Bieber.
—
Estou tão orgulhosa de você, Justin. — sinto que seu choro está por vir, por
isso eu a abraço outra vez e sorrio. — Eu te amo, filho, mesmo você sendo um
idiotinha.
—
Mesmo eu sendo um idiotinha? — debocho. — Eu também te amo, mãe, mesmo você
sendo uma velhinha.
—
Não sou velhinha, garoto abusado. — Pattie me empurra e bate em meu braço, eu
apenas rio.
Vejo
meu pai se aproximar. Nós nos abraçamos e ele finalmente diz que está
orgulhoso. Porém eu vejo seus olhos brilharem no segundo em que eu digo que
farei direito. Sempre foi tudo o que meu pai quis fazer, mas os dias de hoje
sempre foram mais fáceis. Jeremy jamais teve a oportunidade de ter tudo o que
eu tenho hoje. Eu soube que ele começou pela oficina que hoje trabalho, abriu
mão da faculdade e de seus sonhos, mas jamais culpou Pattie ou eu por isso. Depois
de alguns anos, assinou contrato com uma empresa multimilionária e abriu sua
própria concessionária de imóveis, atual empresa que hoje trabalha. Talvez ele
não soubesse que sinto orgulho dele por isso.
Viro
meu rosto após sentir certo calor sobre meu ombro. Ela não sorri, mas eu acho
que quer conversar sobre algo. Não preciso olhá-la de cima, Hailey é exatamente
do meu tamanho e é por isso que a mesma empurra seu corpo para frente e me
abraça apertado. Por alguns segundos, não retribuo, mas logo depois, fecho os
olhos e passo minhas mãos sobre seus cabelos, agradecendo por todas as vezes
que ela me fez sorrir, mesmo que não tenha sido da forma que Selena passou a
fazer.
—
Finalmente, Justin. — ela fala, vejo meus pais se afastarem. Abro um sorriso e
balanço minha cabeça. — Eu soube que sua filha nasceu. Parabéns.
— Obrigado,
Hailey.
—
Eu queria apenas me despedir de você... Na semana que vem eu irei me mudar. Cursarei
a universidade que sempre quisemos, se lembra? — balanço a cabeça, me
recordando de todos os planos que um dia fizemos. — Eu te amo, Justin... — ela
novamente me abraça e, rapidamente corre em outra direção, acho que está
chorando, nem ao menos tenho tempo para me preocupar, pois olho para o lado e
vejo Pattie com Sky no colo.
—
Veja só quem chegou... — sorrio e vou a sua direção.
—
Ei, meu amor. — brinco com a bebêzinha, notando que a mesma está encarando-me
profundamente. Ela chora. — Ela me odeia. — ironizo.
—
Não odeia não, seu idiotinha. — Pattie ergue Sky e me incentiva a pegá-la. Com
a tremedeira sobre minhas pernas, apoia em meus braços. — Você está tremendo, Justin, não é para
tanto. — diz mamãe.
—
Morro de medo de machucá-la. Ela é tão molinha, parece uma boneca,
—
Contanto que você não a pegue pela perna, está tudo bem. — ouço sua voz rouca
por trás do meu corpo. Por força do hábito, giro meu rosto e vejo Selena
parada, enquanto sorri. — Oi!
—
Oi. — eu a respondo sorrindo. — Você veio.
—
Eu disse que viria. — Selena morde seus lábios e dá dois passos, colocando um
chapeuzinho vermelho em Sky, evitando que o sol toque seu rostinho avermelhado,
devido o calor que está fazendo essa manhã. — Obrigada, Justin.
— Pelo
quê?
—
Por causa de você, eu não perdi o ano. Obrigada por ter feito todos os meus
trabalhos, por ter me ajudado. — completa a morena, fazendo-me notar a ponta
quadradinha que há em seu nariz, exatamente como a de Sky. Eu apenas balanço a
cabeça e ouço a voz de Ryan soar por trás de Selena:
—
Eu também ajudei. — Selena gargalha.
—
Obrigada, Ryan, você é um amor. — ela o abraça, e eu vejo o reto dos rapazes
aparecerem.
— Me
deixe segurar a minha Sky. — fala Chaz.
—
Ela é minha, cara. — minha voz é rude, Chaz apenas rola seus olhos e a recolhe
dos meus braços.
Ryan,
Chris, Alfredo e Jaden o sufocam até que a bebêzinha passe na mão de cada um
deles e volte para os braços de Pattie.
—
Parece que temos um papai ciumento. — Ryan está com sua voz coberta por ironia.
Ela é insuportável. — Mas terá que superar isso. Esse bebê tem cinco padrinhos,
irmão.
—
Cinco? Decidiram-se? — pergunta Selena.
—
Não chegamos a acordo algum, então o jeito é todos nós sermos padrinhos. —
explica Jaden. — Mas nós sabemos que é de mim que a Sky mais gostará. — eu
gargalho e sou acompanhado por Selena, Pattie e Jeremy. — Ela é muito fofinha,
cara, ela é você, Selena.
—
Ela não se parece muito comigo. — fala Selena. — Ela se parece com o Justin. — eu
me assusto quando ouço a mesma dizer. — Só os olhos que estão meio puxados para
o azul. Não sei qual será a cor, talvez verdes.
—
Azuis esverdeados, talvez. — diz Jeremy.
—
Ela não se parece comigo. — falo rápido. — Sei lá, ela tem os olhos da minha
mãe, o nariz e boca de Selena.
— A
cor da pele e do cabelo... A mania de dormir com a cabeça elevada. — explica
Selena. — Ela coça os olhos com ambos os punhos fechados, sempre quando acorda.
É igualzinha a você, Justin. — olho para Sky e noto que a mesma está com seus
olhinhos esbugalhados. Com as pupilas dilatadas, vejo o azul querer ser
intensificado até alcançar as íris.
—
Você se parece com o papai, bebê? — com cautela, puxo Sky dos braços de Pattie,
com um pouco mais de segurança. Ela não chora, mas vejo reflexo de um sorriso
torto, porém nada real, não tanto quanto eu quero que seja. — Você é a
bebêzinha mais linda do universo, sabia disso?
—
Misericórdia, ele será careta. — brinca Chris.
—
Ela é minha filha. Saiam daqui, seus vermes. — eu rio e todos eles também.
Dois meses depois.
—
Você precisa tomar cuidado, Selena. Sky não é uma boneca.
—
Eu sei, mãe. Sei como cuidar da minha filha. — respondo um pouco irritada.
Mandy me olha de lado, enquanto eu quebro o macarrão e o coloco sobre a água na
panela.
—
Então, tome mais cuidado. — rebate com certa audácia. Rolo meus olhos e ignoro
a forma como ela me olha, tal como se quisesse prolongar nossa discussão. — Por
favor, leve isso mais a sério. Ela é um bebê.
—
Mãe, eu entendi. Pare de tentar me controlar ou controlar a minha filha. — olho
para ela e paro minhas mãos sobre a cintura. — Eu não vou ficar aqui por muito
tempo, tá legal?
—
Não é nada sobre isso, Selena.
—
Não que seja, mas a senhora já está me enchendo com seus cuidados exagerados. —
sou ríspida, ela bufa com a forma que encaro seu rosto pálido. — Eu não vou
machucar a minha filha. Eu sei como cuidar dela. Posso não ser a mãe mais
experiente, mas não irei machucá-la. Agradeço a preocupação, mas não fique me
enchendo. Sky mal tem dormido à noite e isso tem acabado comigo.
—
Ele está te ajudando?
— Justin
faz o que pode. — volto a dar atenção à panela, encaro o macarrão ficar mole
devido o calor do fogo.
—
Por que está fazendo isso, afinal, Selena? Se quer voltar, por que não volta?
Para que ficar se lamentando?
—
Você não entende. — bufo alto. — Não posso voltar, mãe.
—
Ele é o pai, é o dever dele te ajudar com a Sky.
—
Justin agora está trabalhando durante todo o dia. — explico-a. — Ele quer ir
para uma faculdade distante e eu não quero prendê-lo aqui. Não vou ser um fardo
na vida dele. Ele tem que pensar nele
também e não só em mim e na Sky.
—
Você está sendo egoísta. — acusa Mandy.
— O
quê? Claro que não. Estou pensando nele e não só em mim.
—
Justin abriu mão dos desejos dele no momento em que te engravidou, Selena. Agora
Sky precisa ser prioridade não só na sua vida, mas na dele também. — eu não a
respondo, pois apesar dos apesares, Mandy tem razão. — Você está pensando nele
e não na filha de vocês.
—
Eu só não quero que ele fique comigo como se fosse a obrigação dele, entende? Eu
sei que cuidar de uma criança é difícil, mas eu gosto muito do Justin para ser
capaz de destruir os sonhos dele.
—
Ouça, Selena. — eu a olho por algum tempo. — Você precisa crescer, pois
continua sendo aquela garotinha boba, mesmo que tente moldar uma nova
personalidade. Você está forçando e não é assim que as coisas funcionam. Pare
de bancar a mulher adulta, e comece agir como uma. Se ele não foi, é porque
sabe que não deve. Então deixe de ser tão idiota ao ponto de incentivá-lo a ir
como se o mesmo não tivesse obrigações aqui. Você pode não querer que ele fique
com você por se sentir no dever, mas isso tudo agora não é só sobre você,
entendeu? Criar uma criança sozinha é mais difícil do que você possa imaginar.
Foi ideia sua aceitar esse casamento. Deveria saber que não daria certo se
entre vocês dois, não há amor. Não há como sobreviver de meio termo, não há
possibilidades de algo dar certo, se apenas um ama.
Eu fico um tempo em silêncio, ela
volta a dar atenção às coisas que estão sobre a mesa. Ouço Sky chorar e arranco
o avental que cobria meu vestido. Lavo as mãos e as seco rapidamente. Quando
piso no quarto degrau da escadaria, ouço a companhia.
—
Mãe, atenda, por favor? — eu meio que grito, pois a distancia entre nós duas
não é mínima.
—
Ok. — ouço sua voz baixa, mas o suficiente para me incentivar a subir as
escadas.
Assim
que entro no quarto, vejo Sky balançando suas perninhas, seu choro é mais alto.
—
Ei, eu cheguei... — sorrio e a pego em meu colo, aninhando seu corpo ao meu
pescoço. — Você está acabando com a mamãe, sabia disso? — ouço um gemido contra
meu corpo, eu sorrio e desço as escadas, avistando seu carrinho ao lado do
sofá. — Mãe, eu vou à casa da Taylor mais tarde, tudo bem? Os pais dela querem
ver a Sky. — após dizer, apoio Sky no carrinho e balanço um brinquedinho que há
pendurado sobre um dos ferros cinza. Toca uma música dele, fazendo com que a
atenção de Sky seja exposta a isso. — Eu tenho que fazer comida, então você
terá de ser uma boa garotinha. Sem chorar, ok? — falo com ela como se a mesma
fosse entender, ela apenas coloca sua mãozinha esquerda na boca.
Empurro
o carrinho rapidamente e adentro à cozinha, porém meu corpo se anestesia ao ver
a loura parada perto da janela. Ela olha para o carrinho e encara minha Sky,
depois levanta seus olhos e volta a me olhar. Seus lábios estão retos, ela
parece mais séria do que eu já me acostumei a vê-la.
Hailey...
— O
que faz aqui? — pergunto séria, não me dou ao trabalho de demonstrar qualquer
tipo de compaixão.
—
Essa é sua filha? — não a respondo, mamãe está olhando para a panela, mas sei
que sua atenção é em nós duas. — É linda.
—
Obrigada. — digo rapidamente. Quero que ela fique longe de Sky.
—
Nós precisamos conversar... Selena! — pela primeira vez, ela diz meu nome sem
dúvida alguma. — Queria que fosse apenas você e eu. — olho para Mandy e a mesma
me encara.
—
Pode ir, eu vigio a Sky. — mamãe fala e eu empurro o carrinho em sua direção,
porém longe do fogão aceso.
Volto
o caminho que fiz e paro perto de um dos sofás. Hailey vem logo atrás, ela está
bem arrumada e, como de costume, bonita.
—
Sente-se. — digo.
—
Não, obrigada, eu serei rápida. — balanço a cabeça e encaro sua feição, uma vez
que Hailey me olha seriamente. — Eu vim aqui, porque vou embora da cidade. Eu
queria pedir desculpas pelo dia que te humilhei no colégio e agi como se você
fosse menos do que eu. Eu culpei você por algo que não é apenas sua culpa. —
lambo meus lábios com a língua, Hailey está com uma postura rígida, não parece
triste e nem feliz, simplesmente demonstra não ligar para exatamente nada. —
Ainda me sinto traída, de alguma maneira. Acho que se você estivesse no meu
lugar, se sentiria dessa forma também. Porém isso não justifica o que eu fiz.
Estou te dizendo isso, porque eu amo o Justin. Eu amo muito ele, mais do que
você possa imaginar. Então, eu não quero ir embora sabendo que o cara que eu
amo, sente raiva de mim.
—
Nós não temos nada. — falo baixo, desviando meu olhar ao chão.
—
Eu não me importo com isso, Selena. Eu e Justin nunca mais teremos nada,
independente se ele ficar ou não com você. Esse é o tipo de cara que ele é, se
você ainda não percebeu. Justin diz que está tudo bem, mas ele nunca me
perdoará pelo que eu fiz a você e à filha dele. No começo eu não entendi e
joguei todo o peso em você, pois eu lhe vi daquela forma, frágil e sem
ninguém... Eu sinto muito.
—
Tudo bem. Está tudo bem. — eu sorrio e
ela, pela primeira vez, sorri para mim.
—
Ele escolheu ficar com você, então espero que saiba aproveitar o melhor que há
nele... — não sei o que dizê-la, entretanto, permaneço calada, sentindo meus
lábios se afastarem um do outro, calmamente. — Eu vou nessa. Até algum dia. —
vejo seu corpo se virar e ela caminhar em direção à porta central. Mas quando
assisto sua mão agarrar à maçaneta, eu grito:
—
HAILEY! — a loura para seus movimentos, mas ainda assim, não me olha. Mesmo
insegura, pergunto: — Naquela noite... Você estava mesmo com ele? — ela sabe
qual noite me refiro.
Então,
num movimento lento, seu rosto se vira e nossos olhares se encontram.
Com
uma voz rouca e séria, ela responde:
—
Não!
Seu rosto some das minhas vistas.
Ela simplesmente vai embora e é
como se eu nunca mais fosse vê-la.
Uma semana depois.
Abro
a porta do quarto e me assusto ao ver Justin sentado na cama, brincando com
Sky. Ela parece euforia, enquanto ele dá algumas gargalhadas ao passar suas
mãos sobre as perninhas agitadas da bebêzinha.
Aperto
a toalha em meu corpo e sinto as gotículas de água em meu cabelo, caírem no
chão.
—
Eu acho que ela não me odeia mais. — fala ele, sem desviar seu olhar,
concentrado na criaturinha a sua frente. — Você é uma garotinha muito legal,
Sky. — gargalho ao ouvir sua voz meiga. Ele forçara o timbre apenas para que o
mesmo seja fluido de uma forma fina. — É garotinha do papai, não é mesmo? —
acho legal a forma como ele vem agido, conversando com Sky mesmo que a mesma
não o entenda, mesmo que ele acabe se sentindo “idiota”, digamos.
—
Pode dar licença? Preciso me vestir.
—
Eu já te vi sem roupa antes. — fala ele, agora sim me olhando.
—
Mas não me verá sem roupa agora. — eu nego sorrindo e sentindo o rubor crescer
em minhas bochechas.
—
Pode se trocar, eu não olharei.
—
Justin... — ele não me responde, então eu fecho a porta, seguindo até o
guarda-roupa.
—
Sky, você irá visitar o papai, certo? Você deve levar a mamãe junto. — eu rio,
mas não solto som algum.
Deixo
a toalha cair do meu corpo, Justin fica em silêncio, então eu olho por trás do
meu rosto, sentindo meus cabelos molhados tocarem à parte seca nas minhas
costas. Seus olhos estão presos em mim, porém quando nossos olhares se
encontram, Justin se vira novamente e sorri, me fazendo sorrir de volta.
—
Você disse que não olharia. — ele solta uma risada nasal depois de me ouvir
resmungar.
—
Impossível, querida. — em sua voz há sarcasmo, não precisa muita especialidade
para notar isso. Enquanto eu vejo que sua atenção novamente volta à Sky, me
visto rapidamente, logo penteando meus cabelos e me aproximando dos dois. —
Parece que eu sou de outro mundo para ela. — diz Justin. — Veja como ela me
olha. — olho para o rostinho de Sky e noto que seus olhos estão esbugalhados.
—
Eu acho que ela ama você. — passo meu indicador sobre o rostinho de Sky e a
mesma o vira, enquanto abre sua boca e tenta alcançar minha pele. — Você está
faminta, não é mesmo, amorzinho? —
Então,
é como se eu visse a melhor feição do mundo. Sky simplesmente sorri pela
primeira vez e está olhando para Justin, exatamente para ele.
—
Ela está rindo, Selena... — ele se assusta e ri logo depois. — Ela riu. — ele
parece bobo e emocionado com o que acabara de ver.
—
Ela riu para você. — ele me olha e seu sorriso vai cessando.
É
como se eu o olhasse pela primeira vez, mas dessa vez, ele quem parece focado e
não eu, apesar de eu sempre estar quando Justin aparece por perto.
Porém,
sua mão se junta ao meu queixo, o levantando e fazendo com que minha boca se
entreabra.
—
Eu vou te beijar. — diz ele.
—
Pode beijar, se quiser.
Vejo
seu sorriso novamente transparecer e isso dura mesmo quando eu sinto seus
lábios massagearem os meus. Sua mão vaga rasteja em direção a minha nuca
molhada pelo cabelo, enquanto eu não sei o que fazer com minhas mãos e meu
corpo. Gargalho, quando, enquanto seus dedos tateiam minha pele, sinto seus
dentes morderem meu lábio inferior e puxá-lo para si.
Sky solta um grunhido meigo, é o
suficiente para nos fazer cortar o beijo. Porém Justin, rapidamente, puxa meu
queixo e beija meus lábios de uma maneira rápida, quase como se me dissesse que
espera por mim, de algum modo. Mas dessa vez, eu sou a pessoa que não sabe o
que dizer, entretanto, com poucos centímetros de distância, eu sei apenas olhar
para seus olhos e vê-lo me olhar de volta, da mesma forma, com a mesma feição.
Como se o silêncio nos dissesse tudo.
Quando ele vai embora, me deito na
cama, ao lado de Sky. Ela adormece como um pequeno e lindo anjo.
Encaro o teto sem as brilhantes
estrelas, sinto falta de dormir ao lado dele, de aconchegar meu rosto em cima
de sua pele quente, enquanto meus braços se curvam em seu corpo, puxando o para
mim e ninguém mais.
Minha
atenção é levada à mesinha ao lado da cama, onde há um papel branco sobre a
madeira, por baixo da luz que o abajur transmite.
Sento-me
de uma maneira melhor e recolho o papelzinho, desdobrando-o e reconhecendo,
mais uma vez, sua letra caída para o lado direito.
Ele me escreveu outra vez...
Oi,
Selena, como está sendo sua semana? Eu não estou sabendo sobre isso, mal temos
nos falado. Eu não posso parar de pensar em você, eu não sei por quê. Mesmo
todo o tempo distante, você ainda está na minha mente. Talvez algum dia eu
saberei por que você não foi feita para mim, mas agora eu estou passando pelo
lugar que te conheci pela nonagésima vez. Eu quero assisti as estrelas caírem
no oceano. Quero ficar com você, ficar com você, ficar com você e ficar com
você. Nós somos todas as estrelas, olhe para o céu e talvez um dia você nos
verá. Você não sabe, mas eu já fiz a minha escolha e eu sei o que eu sinto
agora. Eu só quero de volta o que é meu, Selena, você é minha, por favor, seja
minha. Eu prometo que todos os dias serão divertidos, eu posso te fazer feliz.
Podemos ir para qualquer lugar que você queira, eu seguirei você, nós podemos
ficar juntos sempre. Eu sinto falta de todas as coisas pequenas que tivemos. É
tarde demais para fazer as coisas darem certo dessa vez? Eu gosto tanto de
você, tanto... Gosto tanto de você que eu nem ao menos sei dizer o quanto. Por
isso que eu fico calado. Eu sinto sua falta, Selena, sem você a minha vida fica
vazia. Eu preciso do seu abraço, do seu sorriso, do seu jeito, do seu cheiro...
Eu quero que saiba que eu passei a chorar, eu choro só de imaginar que você
pode nunca voltar para mim. Se você deixar, eu posso te fazer muito feliz, eu
juro. Quero que saiba, também, que seu sorriso é tão lindo que ele me faz
sorrir de volta. Seus olhos são os mais lindos que já vi. Eu jamais me
arrependeria por aquela noite. Eu te considero um ser humano incomum. Então eu
quero que saiba que eu estarei aqui sempre, até quando você não quiser, mesmo
que não merecer, mesmo que não desejar. Você é o meu final feliz. Você não sabe
o quão amável você é. Eu preciso de você, eu sinto sua falta. Se eu pudesse
fazer a Deus apenas uma pergunta... Eu perguntaria por que você não está aqui
comigo essa noite.
Essa é a minha
maneira de dizer que te amo...
Justin
Bieber POV.
Na manhã seguinte.
Na manhã seguinte.
Jogo minha mochila ao chão,
ouvindo o som do silêncio. Encaro o escuro que há por trás das minhas vistas,
sentindo o frio pregar-se ao meu corpo de uma maneira que jamais fizera antes.
Quando subo as escadas, ouço meus
passos sobre a madeira por baixo de mim. Porém eu permaneço estático quando eu
a vejo parada perto da janela, ainda que o quarto continue escuro. Uma vez que
eu engulo o seco, ela nota minha presença e vira seu rosto para me olhar. Sem
muitos esforços, acendo a luz apenas para ter a certeza de que eu não passei a
delirar. Olho para o lado e vejo Sky deitadinha sobre a cama, enquanto ao seu
lado, estão algumas bolsas.
Ela voltou para mim, eu tenho
certeza.
—
Agora você sente o mesmo que eu? Você percebe o quanto eu preciso e gosto de
você? — ela ri. — Viu? Você está fazendo meu coração disparar outra vez. —
lambo meus lábios e sorrio, após desviar o olhar e encarar o bebezinho sobre a
manta. — Justin... O que você sente por mim?
Eu
demoro um pouco para responder, mas quando volto a encará-la, respiro fundo e
simplesmente digo:
—
Amor! Eu sinto amor por você, Selena... Eu te amo.
Então eu fico a observando e digo a mim mesmo: “eu posso fazer isso por várias horas”.
—
Eu também te amo. — eu vejo seu corpo vir em minha direção e parar quase sobre
o meu. Seu abraço é tão forte que todas as minhas fraquezas se dissolvem sobre
ele.
—
Não há ninguém como você, nem no meu passado e nem no meu futuro. — sussurro
pertinho de seu ouvido, ela sorri e eu beijo sua nuca pertinho do meu rosto. —
Eu encontrei em você, tudo o que eu sempre procurei em alguém. — empurro seu
corpo apenas para pode olhá-la. Então, beijo seus lábios entreabertos, tais
como sempre estiveram quando estamos cara a cara.
Eu
nunca senti tanta necessidade de falar um “eu te amo” a alguém. Com ela é
diferente e eu sinto essa vontade a cada dois segundos.
—
Selena... — ela me olha com tanta expectativa que sinto meus ossos se moerem
por dentro do meu corpo. — Quer se casar comigo... De novo?
(...)
Viro
meu rosto e a vejo adentrar... Tão linda como o de costume. Está séria assim
como eu, seguindo seus passos largos em minha direção, deixando evidente que
está tão nervosa quanto eu. Talvez caísse, se Brian não a segurasse firme.
Selena
pega em minha mão e finalmente sorri, passando-me segurança e aconchego. Meu
corpo treme e eu engulo o seco, tão distante quanto qualquer outra pessoa nesse
local cheio. Todos sorrindo, eu posso ver a expressão feliz esboçada na feição
de Jeremy, Pattie, Ryan, Taylor, Mandy... Selena! Ela está feliz e me passa
isso no segundo em que aperta minha mão e me faz olhá-la profundamente.
—
Por favor, prometa falar baixo, quando eu gritar. Prometa me aconchegar, quando
eu me sentir só. Seja meus olhos, quando eu estiver cego, me ouça, quando o
mundo me ignorar. Você me veio como um sonho bom, então eu prometo te olhar
devagar quando o mundo inteiro ser apressado com você. — eu falo alto, enquanto
seguro sua mão trêmula. Ela está sorrindo, posso ouvir os gruídos de Sky de uma
maneira abafada.
—
Prometo falar baixo, quando você gritar. Prometo te abrigar, quando estiver se
sentindo só. Serei seus olhos, quando estiver cego, lhe ouvirei, quando o mundo
lhe ignorar. Serei o seu sonho, então prometa me olhar devagar, quando o mundo inteiro me ver depressa demais. — e nada mais me importava, eu apenas a via
num lugar coberto de borrões. — Todo dia, eu estarei com você.
—
Você é meu amor verdadeiro. — então, eu completo.
Selena morde seus lábios e eu
encaro a aliança que suas mãos acabaram de colocar em meu dedo.
—
Eu amo você. — é a última coisa que digo, até senti-la me beijar quando
finalmente ouvimos o simples: “eu os
declaro, marido e mulher.”
SEIS ANOS DEPOIS
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