30/06/2016

Capítulo 16.

Selena Gomez POV.
Eu sorrio, mas antes de dizer algo, fecho meus olhos e sinto a dor por cima do meu corpo me fazer ficar vulnerável. Espremo minhas juntas, e expresso um semblante agoniado em cada parte do meu rosto. Justin, rapidamente, aperta meus braços retos e questiona-me com a voz mais preocupada que possa haver:
— Selena, você está se sentindo bem? — eu nego com a cabeça, pois não consigo fazer com que minha voz salte das cordas vocais. — Venha, vamos entrar. — seus braços me pegam e eu sou presa em meu colo aconchegante. Assim que abro meus olhos, vejo seu rosto sua feição séria, carregada, também, por aflição e desespero.
Quando meu corpo é posto sobre a cama, vejo Justin retirar seu celular do bolso e apoiá-lo sobre a orelha após plugar seu polegar no visor aceso. Mandy adentra ao quarto, ela sorri de lado, não consigo fazer o mesmo.
— Aconteceu algo? Está se sentindo mal, Selena?
— Sim, eu sinto dor. — respondo-a de uma maneira falha, minha voz já não é a mesma.
— Vou pegar um copo com água para você. — penso em recusar, mas não encontro alternativa quando vejo seu corpo se virar e sumir das minhas vistas. Rolo meus olhos até encontrar Justin, que, por alguma razão, está parado de frente à janela aberta. Não é uma noite fria, muito pelo contrário.
— Tudo bem, obrigado! — Justin diz e retira o aparelho de sua orelha agora avermelhada. Noto que ele sorri ao me olhar e reparar que estou o encarando. — Zac já está a caminho. — Zac é o médico que me atendeu nas duas vezes em que precisei.
— Você o chamou? — pergunto insegura.
— Sim. — sua voz está firme. — Ele havia me dito que eu poderia ligá-lo sempre que você passasse mal. — de repente, o loiro sorri e volta a guardar seu celular branco.
— Não precisava, eu já me sinto melhor. — minto, mas não entendo por quê.
— Não vou correr esse risco. O próximo sangramento pode ser grave. — sem mais respostas, assinto com a cabeça e puxo o cobertor amarronzado, tampando uma boa parte da minha barriga, sentindo a dor novamente se manifestar, porém dessa vez, tocar à espinha das minhas costas. Meu corpo parece mais rígido que o normal; acelero minha respiração, quero que Zac chegue logo.
Mandy volta ao quarto, em suas mãos está uma bandeja prateada; por cima da mesma há um corpo de vidro límpido e ao seu lado, um jarro com água fria. Seu sorriso se curva, a morena se senta ao meu lado. Observo todos os rápidos movimentos que suas mãos cometem, até encherem o corpo e entregá-lo a mim, que, logo me inclino, encosto minhas costas na cabeceira da cama branca e bebo toda a água, sentindo minha garganta fluir um gosto amargo, deixando-o ser digerido com demasiado descuidado.
— Acho que agora você começará a sentir mais dores. — diz ela, eu tremo apenas por ouvir a palavra “dor”.
— Eu esperava por isso. — nós duas rimos. — Os últimos seis meses não me causaram tanta dor. Não como eu pensei que faria, mas agora eu sinto minha barriga rígida e eu mal agüento esticar minhas pernas. É normal?
— É sim. — quando ela responde, vejo Zac atravessar a porta e sorrir ao me olhar observá-lo colocar sua simples maleta no colchão onde meus pés não tocam.
— Eu acho que ele já está louco para sair. — brinca o homem, afastando Mandy e sentando no lugar onde a mulher estava. — Mas terá que agüentar por pelo menos mais três meses. Nem pensar em sair antes. — ele parece conversar com o bebê com o qual carrego, eu acho engraçada a forma como sua mão espatifa-se sobre minha barriga, aparentemente sentindo o tremor que há por dentro. — Onde sente dor, Selena?
— Nas costas e na barriga, um pouco acima da virilha. — explico. — Você não acha que minha barriga está pequena para um bebê que já está de seis meses?
— Oh, isso varia. Se você tinha uma massa corporal magra, provavelmente a tendência é engordar pouco. Não pense que você precisa ficar tão mais cheia do que outras grávidas, cada corpo reage de uma forma. — enquanto ele me diz, suas mãos vagueiam por cima da minha pele dura. Hora ou outra o vejo sentir o batimentos por dentro, nada tão desesperado. — Ou seja, quanto mais magra você for, menos cheia você ficará no período de gestação. 
— Que bom. — ele sorri ao me vez fazer o mesmo.
— Bom, não foi nada de mais. Apenas contrações. — diz o homem. — Porém eu vou te recomendar um remédio. Beba-o todos os dias antes de dormir. Apenas três gostas, não mais do que isso.
— Para quê? — pergunta Justin. Vejo seus braços cruzados e sua feição séria.
— Para amenizar os enjôos e as dores que ela passará a sentir durante os próximos três meses. — Zac retira um frasco escuro de dentro de sua maleta e o entrega ao Justin. — É essencial que você permaneça de repouso até o fim da gestação, Selena. Só deverá se levantar para ir ao banheiro, pois será normal sentir ânsia de agora em diante. Não recomendo que fique em casa sozinha. E, de maneira alguma hesite em me telefonar.
— Tudo bem. — respondo-o gentilmente, analisando a forma como sua voz flui sobre mim.

Lembro-me de ter dormido tão mal quanto posso descrever verbalmente, possibilitando-me de xingar palavrões que nem eu mesma pensei que pudesse algum dia fazer. De qualquer modo, corri até o banheiro cerca de nove vezes em apenas uma hora, sentindo-me tão cansada de despejar qualquer coisa nojenta por minha boca quase ardente. Minha garganta dilacerada por líquidos ralos e incolores. Mandy não fora trabalhar hoje, ela disse que não podia me deixar sozinha. Eu sorri quando ouvi seu tom preocupado, eu consegui me esquecer do dia em que ela dissera estar decepcionada comigo e com meus atos impensáveis.
Agora com uma respiração densa, encaro o vidro da televisão de plasma à frente do meu corpo sentado no sofá. A mulher está ao meu lado, suas mãos se movimentam rapidamente, pois sei que ela adora tricotar nas horas vagas, tais como essa, já que ambas não sabemos o que dizer e nem sobre como reagir ao silêncio tão absoluto e totalmente inimaginável.
Eu odeio a sensação de não saber o que dizê-la, mas isso me faz sentir intensamente os movimentos que meu bebê faz dentro de mim. Desejo que ele seja exatamente como Justin, os olhos tão claros quando folhas secas em uma final de tarde fria.
Encaro minha barriga à mostra devido ao calor da tarde, vejo os movimentos bruscos que minha pele sofre, ele parece tão ansioso... Eu me sinto mais, talvez seja mágico o segundo em que eu ouvi-lo chorar pela primeira vez.
— Você já pensou em um nome? — olho para o lado e encaro mamãe com seus olhos firmes no tricô em suas mãos.
— Mmm, Sky ou Elliott. — respondo um tanto morta.
— São belos nomes. — seu elogio vem de uma maneira tão boa que me faz sorrir de cato a canto. — Elliott significa: “o Senhor é meu Deus”. — ela fala firmemente. — É um ótimo nome para se dar a um lindo bebê, não acha? — apenas balanço a cabeça.
— Mãe...
— O que foi? — ela não é rude, embora tenha aparentado ser.
— A senhora ainda está brava por eu ter... — bufo antes de completar, detesto o fato de dizer algo com tanto desdém sobre meu filho. — Por eu ter engravidado?
— Não, Selena. — dessa vez, Mandy larga seus objetos e me olha. — Eu só não queria que você tivesse passado por tudo o que eu passei.
— Eu sei, mas...
— Você é minha filha, apesar de tudo. Acho que você deve se virar sozinha, mas não há problema algum em receber ajuda, às vezes. Não é mesmo?
— Certo! — rio e ela também. Somos iguais, eu acho. Quando a olho, sinto que estou encarando-me daqui alguns anos.
— Agora descanse. — eu já tenho feito isso durante tantas horas.
Voltamos a ficar em silêncio, apenas encarando a televisão, enquanto Mandy continua tricotando algo. Após vinte minutos, calculados pelo relógio preso à parede acima da estante, ouço batidas fracas na porta um pouco distante do sofá em que estamos. Uma vez que eu viro meu rosto, noto o lugar ao meu lado, ganhar uma certa leveza, indicando que a mulher se levantou, deixando suas coisas sobre o estofado.
Meus olhos quase caem do meu rosto quando eu vejo seus cachos loiros parados perto da porta. Meu coração alcança batidas fortes e rápidas. Ela sorri e adentra a sala, caminhando em minha direção e me lançando uma feição tão calma quanto o meu dia tem sido.
— Taylor? O que faz aqui? — pergunto um pouco perplexa, eu pensei que não nos veríamos mais.
— Eu vim ver você... — diz meiga. — Sua barriga está enorme. — eu sei que isso foi apenas um elogio.
Eu vejo como um filme em câmera lenta. Vejo seu corpo se sentar ao meu lado, enquanto seus olhos me encaram com demasiada gentileza. Suas mãos acariciam minha barriga por diversas vezes. Nós rimos tanto que eu acabo me recordando de como ela faz bem a mim.  
No final da tarde, Taylor me cobriu com um cobertor e se aconchegou ao meu lado. Tomamos chocolate quente, apesar de não fazer frio. Sua voz é fina, porém é a mais linda. Ela cantou para mim uma música que tanto amo. É uma ótima pessoa, apesar dos apesares. Talvez ela fosse minha segunda pessoa favorita, perdendo apenas para ele.Talvez fosse seu jeito, ou seu sorriso... Talvez fosse todas as partes que complementam uma grande e maravilhosa peça de um quebra-cabeça que eu mais amo.
— Selena... Chegou uma coisa para você. — Mandy fala enquanto encara um papel branco em suas mãos. Antes que eu possa responder, a mesma se inclina e o entrega a mim, dando-me a visão de uma carta, sem dúvida alguma.
Arranco o adesivo que sela o papel e puxo o segundo, totalmente cheiroso e da cor amarela. Questiono-me o porquê de ter recebido algo como isso, porém minha mente se parte da forma que nunca partira, quando, enquanto leio, noto que é algo dele... Sua letra é inconfundível...
Ele me escreveu uma carta.

Olá, bom dia, Selena. Antes de qualquer coisa, como você está? Estou usando uma nova forma de dizer a você tudo aquilo que acho que você deve saber, mas que, de alguma maneira, não consigo dizer pessoalmente. Eu me arrependo, mas isso não se parece nada, eu entendo, tudo bem. Vamos pular isso. Você sabia que seu nome significa “lua”? Eu descobri noite passada enquanto pensava em você. Depois eu me deitei e encarei as estrelas brilhantes por cima do meu corpo. Seu cheiro ainda está preso em meu travesseiro, você sempre acabava dormindo no meu lado da cama, deixando o seu totalmente vazio. Quero que saiba que eu estou sorrindo nesse momento, pois eu nunca escrevi nada a ninguém. Você é a primeira a fazer com que eu não saiba como respirar. Eu nunca... Nunca pensei que cairia dessa forma, mas você é a única capaz de acabar com a minha queda. Poderia voltar para casa essa noite? Por favor, diga que hoje há uma pergunta. Quero dizer, quem prende as estrelas no céu? Você parece uma sinfonia... Acabo de notar, você é a minha Única Esperança.
Essa é a minha forma de dizer que sinto sua falta.

Eu sorrio, deixando minha voz escapulir em gruídos anormais. Taylor leu ao meu lado, ela abraça meu corpo e acaricia meu rosto mole, totalmente desmanchado. Meu estômago, dessa vez, se enche de borboletas bagunceiras, como fizera na primeira vez que eu o vi.
— Você acha que ele me ama? — pergunto baixinho, quero que só Taylor ouça.
— Não sei, mas sinto que você se sente bem ao lado dele.  — eu não sei se ela poderia ter uma responda melhor. — Isso basta.

Horas mais tarde.
Eu vejo a porta ser aberta. Pisco calmamente e noto seu corpo entrar, totalmente cauteloso. Taylor sorri e levanta-se da cama. Antes de Justin se aproximar, a loura beija minha testa e eu aperto suas mãos, agradecendo por tê-la comigo durante todo o dia. Já passara das oito da noite, eu estava esperando por ele.
— Eu volto amanhã para ficar com você. — diz ela.
— Tudo bem. Obrigada, Taylor.
— Amo você. — a loura dá dois passos para trás e sorri.
— Eu também te amo. — sorrio de volta, retribuindo o ar aconchegante que ela acabara de criar.
Taylor acena para Justin e simplesmente vai embora, fechando a porta após atravessar a mesma.
— Você está bem? — ele diz algo pela primeira vez no dia.
— Sim e você?
— Estou. — responde. — Selena... Você recebeu algo hoje? — sorrio por sua pergunta ter soado acanhada, ele parece sentir-se envergonhado em dizer algo como isso.
— Ainda não sei quem prende as estrelas no céu. — respondo apenas isso e é o suficiente para que ele entenda que sim, eu recebi algo hoje. — Eu queria chamá-lo para dormir comigo essa noite, mas nós dois não cabemos nesta cama.
— Tudo bem. — ele se senta perto dos meus pés, eu apenas nego com a cabeça. — Hoje eu sinto como se eu não soubesse o que te dizer.
— Comece pedindo para dormir comigo, mesmo que não caibamos na cama.
— Posso dormir com você? — balanço a cabeça e ele sorri, logo retirando seus tênis. Essa cena é nostalgia. Ele sempre fazia isso durante as noites um pouco antes de dormirmos.
Eu me encolho um pouco e ele se deita ao meu lado, depois de retirar sua camiseta de algodão. Com meus dedos da mão direita, tateio sua bochecha esquerda, enquanto a direita está tocando meu travesseiro aveludado. Ficamos em silêncio e novamente é como se ele dissesse absolutamente tudo o que não conseguimos dizer.
— Ele está mexendo. — sussurra o louro, passando suas mãos por cima da minha barriga. — Isso é tão legal.
— É como eu disse: ele gosta de você.
— Eu o amo. — sorrio feliz, espremendo meus olhos e permanecendo tocando sua bochecha com todos os meus cinco dedos finos e quentinhos. — Selena... Posso te beijar hoje, mesmo que não estejamos em um encontro?
— Você está deitado comigo... Você tem permissão para fazer o que quiser. — Justin gargalha e recolhe meu rosto com suas duas mãos, deixando de sentir os movimentos bruscos sobre minha barriga.
Meus lábios se afastam antes mesmo de sentir os deles se juntarem. Minha boca, agora, entre aberta, espera com que seu toque me faça sentir novamente as bagunçadas borboletas em meu estômago. Uma vez que eu sinto meu coração disparar, nosso beijo finalmente acontece e é como se fosse o primeiro.
— Ultimamente, não consigo parar de pensar em você... Mesmo quando não olho para as estrelas. E a sua falta está quase me matando.
Seu rosto se contrai, eu sinto meu coração bater dentro de mim.
É nessa hora que ele deveria dizer que me ama e se ainda não ama, deveria começar a amar. Mas eu não o digo nada, afinal... Amor não é uma coisa que você possa pedir a alguém.


“Honestamente, amor, eu farei qualquer coisa que você queira. Então, podemos terminar o que começamos? Não me deixe de coração partido.”
— Brokenhearted.

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